PepsiCo incentiva agricultores do Alqueva a produzirem amendoins para a empresa
A multinacional PepsiCo quer tornar-se auto-suficiente na produção de amendoim na Europa, estando a promover um projecto para incentivar agricultores, como os alentejanos da área do Alqueva, a produzirem o fruto seco para a empresa.
O projecto "Euronuts" foi apresentado hoje, em Beja, a agricultores da área de influência do Alqueva, pela Torriba - Organização de Produtores de Horto-frutícolas, parceira da PepsiCo, o segundo maior grupo mundial do mercado de alimentação e bebidas.
Através do projecto, "a PepsiCo quer tornar-se, gradualmente, auto-suficiente na produção de amendoim na Europa" para "reduzir o seu grau de dependência" em relação aos mercados tradicionais daquele fruto seco, os continentes americano e asiático, disse hoje à agência Lusa Inês Vinagre, da Torriba.
Para tal, explicou, a PepsiCo quer "fomentar o desenvolvimento da cultura" e "precisa de parceiros" para produzir amendoim na Europa, sobretudo na Península Ibérica, onde pretende chegar aos 10 mil hectares de produção do fruto seco em 2015.
Neste sentido, a PepsiCo lançou à Torriba o "desafio" de procurar novas áreas com potencial para a produção de amendoim em Portugal e a organização sugeriu a zona de influência do Alqueva, contou.
O Alqueva tem "boas características" e um "grande potencial de crescimento" para a produção de amendoim, uma cultura de regadio, e, por isso, a Torriba, a pedido da PepsiCo, está a "tentar implementar a cultura" na zona.
A Torriba, através da intermediação da Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas do Alqueva (EDIA), está a "incentivar" os agricultores da região a aderirem ao projecto para produzirem amendoim para a PepsiCo.
Segundo Inês Vinagre, a "grande vantagem" da cultura de amendoim através do projecto "Euronuts" é que "a PepsiCo garante o escoamento do produto", ou seja, o agricultor, quando semeia, sabe para quem semeia, quem vai ficar com o produto e a que preço é que o vai vender.
Trata-se de "três fatores muitíssimo valiosos para qualquer produtor", frisou, referindo que a PepsiCo, que produz e comercializa produtos alimentares e bebidas em Portugal e Espanha, vai descascar, pelar e torrar o amendoim e vendê-lo em "snacks".
Por outro lado, sublinhou, os resultados da fase experimental do projecto, que decorreu durante dois anos em cerca de 320 hectares nas regiões do Alentejo e do Ribatejo, foram "altamente animadores".
Os resultados comprovaram que a cultura de amendoim é "uma oportunidade para os agricultores", porque é "viável" e uma alternativa "conciliável" e com "condições para entrar num programa de rotações" com as culturas tradicionais da área do Alqueva, disse, frisando que as expectativas de adesão dos agricultores alentejanos ao projecto são "boas".
O projecto vai dar prioridade a explorações com pelo menos 20 hectares, a área mínima para se poder fazer colheita mecanizada, e os contratos para compra do amendoim com os agricultores poderão durar no mínimo 10 anos, disse Inês Vinagre.