José Ernesto Oliveira abandona vida política activa quando terminar mandato
O presidente da Câmara Municipal de Évora, o socialista José Ernesto Oliveira, revelou à agência Lusa que vai abandonar a vida política activa quando terminar o seu terceiro mandato à frente do município, no próximo ano.
"A minha carreira política chegou ao fim. Não tenho mais nenhuma ambição política e posso considerar-me um político realizado. Fiz da política aquilo que gostava de ter feito", declarou o autarca alentejano, em entrevista à Lusa.
Natural de Cuba (Beja), José Ernesto Oliveira, de 60 anos, conquistou a Câmara Municipal de Évora, antigo bastião comunista, nas autárquicas de 2001, com maioria absoluta, e nas eleições seguintes, em 2005 e 2009, foi reeleito, mas com maioria relativa.
Antes de presidir ao município e entrar para o PS, o autarca foi militante do PCP, deputado à Assembleia da República entre 1979 e 1982 e presidiu à Assembleia Municipal de Évora de 1981 até 1990, vindo a desvincular-se do Partido Comunista em 1992.
Mostrando-se "satisfeito" com o que fez na política, o presidente da Câmara Municipal de Évora realçou que, ao fim de quase 40 de vida política activa, não se sente "desgostoso nem arrependido" do caminho que percorreu.
"Aderi ao PCP com 18 anos, com toda a minha generosidade e utopia de querer um mundo melhor feito por aquela via, mas, mais tarde, comecei a por em causa se seria aquela a via que levava a atingir os objectivos que mantinha e mantenho e cheguei à conclusão que não", contou.
José Ernesto Oliveira disse ter saído do PCP "com todo o respeito e sem nenhum tipo de trauma", admitindo que a sua desvinculação "não tenha sido compreendida".
"Fiz, depois, o meu percurso como independente, a primeira vez que me candidatei à Câmara Municipal de Évora foi como independente e, mais tarde, vim a aderir ao PS por acreditar que a social-democracia é a única via que, à esquerda, pode construir e dar um contributo para um mundo melhor", recordou.
Questionado pela Lusa, o autarca socialista afastou a hipótese de se candidatar a outro município, defendendo que "quem está no poder local deve ter a sensação que está de passagem” e “deixar que surjam naturalmente alternativas".
"Esta é uma das pechas que só contribui para denegrir a imagem do poder local. Isto não pode ser um reinado em que se designam sucessores ou que se mantêm eternamente", considerou.