Festival de Curtas-Metragens de Évora adiado por Câmara não ter verba
A edição deste ano do Festival Internacional de Curtas-Metragens de Évora (FIKE), prevista realizar-se de 17 a 28 deste mês, foi adiada, pela impossibilidade de o município assegurar a respectiva comparticipação financeira, revelou hoje a organização.
O evento, que assinalava este ano o 11.º aniversário, é uma organização da Sociedade Joaquim António Aguiar e do cineclube da Universidade de Évora, em parceria com a associação Estação Imagem.
Os promotores, em comunicado, anunciaram hoje o adiamento do festival, sem nova data definida, decisão essa que, explicam, foram "forçados a tomar nos últimos dias".
Na origem do problema, esclareceram, está o facto de a Câmara Municipal de Évora, "um dos principais patrocinadores" da iniciativa, ter informado que "não será capaz de manter o compromisso de apoiar o FIKE".
A autarquia, pode ler-se, "retirou, oficialmente, o seu apoio" ao festival, "a menos de um mês da data prevista para o início" do mesmo.
"Segundo as informações, devido à grave crise económica, e à Lei dos Compromissos, o município não pode manter o seu compromisso de apoiar o festival, através de verbas comunitárias do programa INALENTEJO, por se encontrar impedido de fazer contratos", aludiu a organização.
Contactada pela agência Lusa, a vereadora da Câmara de Évora Cláudia Sousa Pereira confirmou que a autarquia "não consegue garantir a sua comparticipação", que ascendia aos 10 mil euros.
"Estamos de ‘mãos e pé atados’ com a Lei dos Compromissos. Nem podemos comprometer o eventual encontro de patrocinadores externos porque, assim que o dinheiro entrasse na câmara, teria de ser canalizado para outros pagamentos em atraso", disse.
Segundo a mesma responsável, o financiamento do FIKE está integrado num projecto cultural mais vasto, o Terras do Sol, em parceria com outros municípios e englobando mais iniciativas, que conta com apoios comunitários, através do Programa Regional INALENTEJO.
"Face à actual situação do município e à Lei dos Compromissos, não conseguimos garantir a verba que nos competia", sublinhou, admitindo que poderão ter de ser devolvidos os fundos comunitários.
Cláudia Sousa Pereira reconheceu que o adiamento do FIKE representa "uma perda" em termos culturais, mas não é caso único, pois, a câmara não tem verba disponível para apoiar outras iniciativas do Terras do Sol, como o Tocar de Ouvido, da Associação PédeXumbo.
No comunicado divulgado hoje, os promotores do FIKE lembram os "sucessivos cortes", nos últimos anos, no orçamento do festival e frisam que, sem o apoio camarário e na "impossibilidade prática de encontrar financiamento alternativo", não podem "acomodar este esforço adicional".
"Se a comissão organizadora encontrar um novo financiamento, num futuro próximo, vamos reconfigurar o projecto e promover o FIKE", garantiram os promotores, assegurando que os filmes enviados para esta edição "serão então considerados".